Cegueira
Dúvidas
Receios adventícios
Fazem parte da rotina de quem ama
Sem pauta marcada
Sem avisar nem se anunciar
O temor se convida e tudo se abala
Os sentimentos se alvoroçam
As imagens se misturam
E os sonhos se desvanecem
Sem perceber verte-se o alento
E as forças extinguem-se silenciosas
Não julgues meu dizer nem meu calar
Não forces mais as cordas do coração
Tentando extrair a última gota
De um amor ainda criança
De um sentimento em gestação
De uma vida que apenas desabrocha
Bebe de mim desejos e sonhos
Tira deste poço escuro
As trevas que me invadem
E abre-me a novos ares e melhores dias
Onde o amor seja adulto
E a vida derramada
25 de abril de 2011
18 de abril de 2011
Iluminados por milhões de estrelas
De dia tudo fica mais fácil. A realidade se mostra tal qual é. Sob a luz do sol não precisamos intuir, tatear, adivinhar, escolher sem saber. Nas horas iluminadas do dia os caminhos são claros, os destinos aparecem na distância e o horizonte sempre está aí, como referência.
Em muitos momentos da vida almejamos a luz intensa que nos guie e oriente. Desejamos a luz que dissipe as incertezas, os temores e os fracassos. Não é por acaso que todas as religiões projetaram sempre em Deus o desejo da Luz Eterna, da perfeita iluminação, da Verdade absoluta.
Se a vida fosse sempre dia, sem trevas, sem dúvidas, sem tropeços, tudo seria mais simples. Mas nós somos mais complicados que tudo isso. Somos seres gerados e nascidos na penumbra. Somos filhos das sombras. Levamos nos nossos genes a dor e a alegria, a esperança e a frustração, a força e o medo, a vergonha e a coragem. Somos criaturas em penumbra, com cada pequena luz que brilha dentro nós, as sombras crescem e se multiplicam. Continuar lendo...
Existem pessoas que não aceitam isso. Vivem negando as sombras, as próprias e as alheias. Para elas somente pode existir perfeição, clareza, certeza. A realidade toda é ponderada desde um dualismo maniqueísta, simplista, superficial e, quase sempre, interesseiro. Rejeitam a noite, as incertezas, as limitações, as dúvidas, achando que eles pertencem ao dia, detentoras da luz e da verdade. Não toleram as sombras porque consideram que eles são somente luz. Negando sua própria realidade, negam a realidade das outras pessoas, negam a realidade humana, a sua originalidade e a sua potencialidade.
O compromisso e a responsabilidade de educar devem se fundamentar nessa realidade ambígua, contraditória, imperfeita e desconhecida. Educar não é conduzir das trevas para a luz, mas ajudar a se compreender como penumbra. Educar é ajudar a dar sentido à nossa realidade, pessoal e social, desentranhando as sombras, mergulhando nas noites, descobrindo o que ainda está oculto. Porque neste mundo ambíguo, nesta realidade complexa, nem tudo é luz e treva, a maior parte é penumbra.
Na penumbra percebemos ainda a tênue luz que nos orienta. Na penumbra nos envolvem as sombras, escondendo as possibilidades, enganando os sentidos e deformando as percepções. Mas é nessa penumbra que nós somos, crescemos e aprendemos. Na escuridão da noite se ocultam grandes possibilidades e valiosos tesouros, é função do/a educador/a ajudar a descobrir o que está oculto, sabendo que, tanto possibilidades quanto tesouros, nunca ficarão livres de sombras, dúvidas, erros e fracassos.
Educar é ajudar a caminhar na penumbra da nossa realidade, iluminados pela luz tênue e humilde de milhões de estrelas. A luz daqueles que nos precederam. Daqueles que, entregando suas vidas por amor, se transformaram em estrelas, e hoje olham para nós sorrindo desde o firmamento da eternidade. Iluminados pela luz daqueles que continuam sonhando, sem deixar que as luzes artificiais e falsas os ceguem e confundam. Iluminados pela luz de quem sabe aprofundar na vida, na realidade e na existência, não se conformando com as respostas simples de quem não aceita a dúvida, de quem tenta dogmatizar o desconhecido, de quem acaba matando o espírito humano, criativo e sempre insatisfeito.
Descubramos a riqueza da penumbra, as possibilidades da noite e os sinais do dia, deixemo-nos iluminar pelos milhões de estrelas que nos acompanham e guiam. Não caiamos na tentação de simplificar a realidade, matando o que nos faz viver: a insatisfação, a necessidade de conhecer sempre mais, de compreender sempre melhor, de transformar o que nos foi dado, de recriar a cada dia o mundo e a existência.
Em muitos momentos da vida almejamos a luz intensa que nos guie e oriente. Desejamos a luz que dissipe as incertezas, os temores e os fracassos. Não é por acaso que todas as religiões projetaram sempre em Deus o desejo da Luz Eterna, da perfeita iluminação, da Verdade absoluta.
Se a vida fosse sempre dia, sem trevas, sem dúvidas, sem tropeços, tudo seria mais simples. Mas nós somos mais complicados que tudo isso. Somos seres gerados e nascidos na penumbra. Somos filhos das sombras. Levamos nos nossos genes a dor e a alegria, a esperança e a frustração, a força e o medo, a vergonha e a coragem. Somos criaturas em penumbra, com cada pequena luz que brilha dentro nós, as sombras crescem e se multiplicam. Continuar lendo...
Existem pessoas que não aceitam isso. Vivem negando as sombras, as próprias e as alheias. Para elas somente pode existir perfeição, clareza, certeza. A realidade toda é ponderada desde um dualismo maniqueísta, simplista, superficial e, quase sempre, interesseiro. Rejeitam a noite, as incertezas, as limitações, as dúvidas, achando que eles pertencem ao dia, detentoras da luz e da verdade. Não toleram as sombras porque consideram que eles são somente luz. Negando sua própria realidade, negam a realidade das outras pessoas, negam a realidade humana, a sua originalidade e a sua potencialidade.
O compromisso e a responsabilidade de educar devem se fundamentar nessa realidade ambígua, contraditória, imperfeita e desconhecida. Educar não é conduzir das trevas para a luz, mas ajudar a se compreender como penumbra. Educar é ajudar a dar sentido à nossa realidade, pessoal e social, desentranhando as sombras, mergulhando nas noites, descobrindo o que ainda está oculto. Porque neste mundo ambíguo, nesta realidade complexa, nem tudo é luz e treva, a maior parte é penumbra.
Na penumbra percebemos ainda a tênue luz que nos orienta. Na penumbra nos envolvem as sombras, escondendo as possibilidades, enganando os sentidos e deformando as percepções. Mas é nessa penumbra que nós somos, crescemos e aprendemos. Na escuridão da noite se ocultam grandes possibilidades e valiosos tesouros, é função do/a educador/a ajudar a descobrir o que está oculto, sabendo que, tanto possibilidades quanto tesouros, nunca ficarão livres de sombras, dúvidas, erros e fracassos.
Educar é ajudar a caminhar na penumbra da nossa realidade, iluminados pela luz tênue e humilde de milhões de estrelas. A luz daqueles que nos precederam. Daqueles que, entregando suas vidas por amor, se transformaram em estrelas, e hoje olham para nós sorrindo desde o firmamento da eternidade. Iluminados pela luz daqueles que continuam sonhando, sem deixar que as luzes artificiais e falsas os ceguem e confundam. Iluminados pela luz de quem sabe aprofundar na vida, na realidade e na existência, não se conformando com as respostas simples de quem não aceita a dúvida, de quem tenta dogmatizar o desconhecido, de quem acaba matando o espírito humano, criativo e sempre insatisfeito.
Descubramos a riqueza da penumbra, as possibilidades da noite e os sinais do dia, deixemo-nos iluminar pelos milhões de estrelas que nos acompanham e guiam. Não caiamos na tentação de simplificar a realidade, matando o que nos faz viver: a insatisfação, a necessidade de conhecer sempre mais, de compreender sempre melhor, de transformar o que nos foi dado, de recriar a cada dia o mundo e a existência.
11 de abril de 2011
O sangue inocente clama desde a terra
Oswaldo Guayasamin. |
Foi vertido sem piedade
Extraído sem dor nem motivo
O que semeamos neste mundo
Que seus frutos nos espantam?
Vidas e sonhos esparramados sem sentido
Choramos a morte injusta e antecipada
Quando bate na porta da nossa casa
Quando fala nossa língua
E salpica com crueldade nossa rotina
Mas são muitos os Rios que acontecem a cada dia
O massacre é mundial e ninguém se questiona
Quem chora os milhões de assassinados pela fome?
Quem faz própria a dor dos miseráveis?
Por que umas vidas são mais vidas que outras?
Costa de Marfim, Líbia, Afeganistão, Iraque
O mundo em guerra não nos abala
E sonhamos em ser como aqueles
Que têm a morte por companheira
Aqueles que perderam o rumo e o sorriso
Ergue o coração e a raiva, humanidade!
Não permitas mais ultrajes nem mais indiferença
Que não arranquem mais filhos do teu seio
Que ninguém se sinta em paz até que a paz reine
Que a vida seja para todos e por todos protegida
4 de abril de 2011
Reclamações da paz
Quem te ensinou a viver
não falou contigo que o amor não mata
que a pessoa é sagrada
e o diálogo nos salva?
Não te explicaram
ao surgirem sozinhas as inevitáveis brigas
que o perdão nos honra
e a vida decepada não volta?
Nunca te mostraram
ao fugir desbocada tua primeira raiva
que a ira semeia feridas
e o ódio, afinal, nos afoga?
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