19 de setembro de 2011

Chegará

chegará
com certeza, chegará
como o raiar de um novo dia
anunciado pelo canto manhaneiro
de alguma ave madrugadora

chegará
às escondidas ou de repente
como neblina que invade os campos
ou como tempestade que silencia os cantos
sem aviso nem preparo

chegará
virá de fora ou surgirá de dentro
como aventureiro de regresso a casa
ou como sangue agitando as veias
ansioso por tão longa espera

chegará
eu sei que chegará
e arrastará as dúvidas, as mágoas e os prantos
semeando a alegria nesta terra devastada
neste coração ferido nas atrozes lutas da vida

chegará
nos inundando de esperança
afogando as trevas que acorrentam o afeto
afinando os fios e a trama em que me teço
germinando o amor que silenciei por medo

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