Como um riacho nascendo entre as montanhas
Como uma torrente de vitalidade impetuosa
Fui atravessando o tempo e o espaço
Escorregando entre os seres e as coisas
Fugaz e passageiro
Como um torrencial fluxo de energia
Acometendo contra obstáculos e fronteiras
Que tentavam reprimir meu passo
Deixei-me arrastar pela vida
Sem freio nem controle
Depois chegou o tempo da paisagem serena
Do remanso cálido e da praia aconchegante
As montanhas se tornaram vales
E os vales se abriram no infinito
Onde o estrondo das águas se perde e abafa
Nessa calma aparente me deslizo silencioso
Mas o rio sabe do turbilhão que carrega no íntimo
A lama de sua fraqueza e os troncos do seu passado
Um mundo submergido que o alimenta
Com histórias e nomes das peripécias vividas
Nas várzeas da vida outras vidas vão crescendo
As vidas dos que cuidam e acompanham
Agradecendo em silêncio a vitalidade do rio
E as vidas dos que se apropriam da água
Indiferentes e indolentes pela vida que cerceiam
Com sua bagagem de emoções e vivências
A torrente continua sua marcha irrefreável
Regando a seu passo a terra e os corações que ama
Levando no seu sangue os sonhos e as lágrimas vertidas
Até onde e quando o tempo considerar aceitável
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