27 de agosto de 2012

Finalmente


Na memória
Paisagens eternas
Dolorosas jornadas
Mágicos ocasos

No olhar
Horizontes abertos
Tímidas estrelas
Coloridas auroras

No sangue
Furacões impetuosos
Generosas entregas
Saudosos combates

Na voz
Discursos apaixonados
Trêmulas melodias
Esquivos afetos

Na memória
No olhar
No sangue
Na voz
Uma vida agradecida
Um sonho semeado
Um tesouro recebido
Um amor imerecido

20 de agosto de 2012

O silêncio

O silêncio
Tentação ou ameaça?
Condenação ou oportunidade?
Deserto ou vale fértil?

O silêncio
Assalta-me como ladrão noturno
Invadindo as instâncias mais íntimas
Deste coração tímido

O silêncio
Chega como impetuoso temporal
Dissipando as marcas do ardente verão
Deste coração ferido

O silêncio
Surge devagarinho como broto na terra
Acalmando as afrontas e revoltas
Deste coração rebelde

O silêncio
Angústia ou esperança?
Pergunta ou resposta?
Destino ou escolha?

13 de agosto de 2012

ABCD


Alcemos as mãos e recebamos a esperança nascente
Batamos os pés no chão para acordar o caminho
Cantemos os hinos da nossa identidade
Deixemos para sempre os medos e as angústias

Aproxima-se um novo e feliz dia no horizonte
Balbuciando os verbos que construirão o futuro
Conquistando a dignidade e o amor que nos furtaram
Devolvendo a luz que iluminará nossas lutas

Abramos sem temor as portas do amanhã
Brindemos jubilosos pela terra avistada
Conciliemos nossos sonhos com um forte nó
Despreguemos as velas para os novos ventos que virão

Abracemos as estrelas antes que o dia as extinga
Bebamos de um trago as raivas e as ofensas
Coloquemos no seu lugar o sol que eclipsaram
Dissipemos as dúvidas e semeemos o céu em cada passo

5 de agosto de 2012

Contam as estrelas


Contam as estrelas
Para quem sabe escutá-las
Que no mais profundo deste planeta
Em silenciosa e irrefreável agitação
O fogo e a rocha se fundem
balançam e contorcem
Como eternos e jovens amantes
Nem as geladas neves boreais
Nem os abrasadores desertos
Nem o persistente pranto tropical
Lograram esmorecer seu amor queimante

Contam as estrelas
Para quem gosta de atendê-las
Que no mais profundo de cada ser
Em rítmica e interminável pulsação
O afeto e a cordura se debatem
Desafiam e enredam
Como ignorados e velhos vizinhos
Nem os antigos sermões moralistas
Nem as inteligentes lições dos mestres
Nem a ameaça dos ardentes infernos
Serviram para compassar sua dança frenética