24 de setembro de 2012

No silêncio rebelde


No silêncio rebelde
Conspiram os sonhos
Maquinando a estratégia
Para a insurreição dos simples

Não agitam bandeiras
Nem proferem promessas
Aprenderam sofrendo
A não se entregar a ilusões

A paciência é sua arma
Contra a astúcia dos fortes
O peso que carregam
Os transformará em gigantes

No silêncio rebelde
Conspiram os simples
Maquinando os sonhos
Que insurgirão o presente

17 de setembro de 2012

Desconhecido


Desconheço os olhos
Que um dia me modelaram
As mãos que me reconheceram
E os lábios que me receberam
Ignoro com qual material me forjaram
Em quais paisagens se inspiraram
Com quais formas me contornaram
Não decifro os fios com que me teceram
Nem a trama que me configura
Sou um estranho para mim mesmo
Um estrangeiro no seu próprio corpo
Um apátrida escravo na sua terra
Quanto mais me adentro nestas grutas
Por veredas e sendeiros sempre novos
Mais me assustam os vertiginosos descensos
As eternas e sufocantes ascensões
E os horizontes sempre inalcançáveis
Qual o meu fundo e o meu destino?
Qual a minha origem e a minha essência?
Para que a minha terra e os meus fantasmas?
Para quem o meu sangue e os meus poemas?
Sou sem saber e vivo sem querer
Desconheço os olhos
Que um dia me acolherão
As mãos que me resgatarão
E os lábios que me abraçarão

10 de setembro de 2012

Em nome dos sem nome


Em nome daqueles
Que não têm nome
Nem verbo
Nem rosto
Nem sonho

Em nome daqueles
Que não têm força
Nem luta
Nem arma
Nem causa

Em nome daqueles
Que não têm posse
Nem raça
Nem terra
Nem vida

Em nome daqueles
Que não podem nada
Que não lucram nada
Que não vendem nada
Que não deixam nada

Em seu nome arguo
Sem achar resposta
Em seu nome canto
Sem poupar esforços
Sem evitar o pranto

3 de setembro de 2012

Até acordar a terra


Fecha o punho
Até doer a vida
Alça a voz
Até abafar o vento
Aperta o passo
Até acordar a terra

Um novo dia
Está se tecendo
Um novo amanhã
Está sendo gerado
Com esperança inabalável
Com fúria irrefreável

Que o céu estrelado
Se faça eterno
Na força do teu olhar

Que o horizonte sonhado
Se torne próximo
Com cada luta sem abandonar