29 de outubro de 2012
As cores da vida
Com todos os tons
Todos os matizes
E todas as misturas
Assim é o mundo
Assim é a vida
Que sonho e construo
Azul escuro
É o esforço das minhas lutas
Como o oceano infinito
Onde repousa a utopia
Verde floresta
É a justiça que persigo
Para que a vida floresça
No coração mais árido
Vermelho intenso
São os sorrisos e abraços
Que acendem nossa alma
Quando o inverno nos cerca
Amarelo pálido
São as perguntas que nos guiam
Diversas e eternas
Para nunca desistir da viagem
Alaranjado luminoso
São os frutos da paz semeada
Nascendo dentre as trevas
Anunciando o dia que germina
Branco imaculado
É o coração de quem ama
Reunindo num só gesto
Todas as cores da vida
22 de outubro de 2012
Sol nascente
Afasta de ti as trevas
E permite que o dia floresça
Arreda as estrelas e as ilusões
Que a manhã refulgente
Desabroche no teu inverno
Não alimentes os fantasmas
Que habitam tuas sombras
Não deixes que seus gritos
Silenciem a melodia
Do teu coração vibrante
Abre as portas do céu
Convida a noite a fugir por elas
Abraça o fogo que em ti lateja
Deixa que o amor te deslumbre
E a confiança te conquiste
Que nada murche tua alegria
Nem os frios nem as penas
Esculpe um berço no teu peito
Para o sol morar sempre nele
Inflamando o que te faz viver
15 de outubro de 2012
Um sonho no meu coração
Os anjos sabem que muitos homens pragmáticos
ganham o pão com o suor do rosto do sonhador.
Gibrán Khalil Gibrán (Areia e espuma. 1926)
Numa travessura das estrelas
Uma delas esqueceu um sonho
No fundo do meu coração
Com a luz do dia o descobri
Tímido e apoucado
Enroscado no meu interior
- Não temas nem fujas
Neste meu coração humilde
Poderás germinar se quiseres
- Que o amor e a esperança
Sejam a terra fecunda
Que abrace e nutra as tuas raízes
- Que tuas flores e frutos
Sustentem minhas forças
Nas compridas noites do inverno
- Que tua luz eterna
Guie meus trêmulos passos
Rumo ao céu que te viu nascer
- E no definhar do meu caminho
Emocionado e agradecido
Devolver-te-ei ao colo que te gerou
8 de outubro de 2012
As vozes do porão
Desde a negritude deste mundo
Desde a feminidade da dor
Nos porões desta desumanidade
Escuto impotente e revoltado
Os sons que alimentam este inferno:
É a indiferença que fere
A gargalhada que vexa
O ouro que explora
A palavra que violenta
O olhar que humilha
A mão que tortura
É o menino soldado no Sudão
O mineiro escravo no Congo
A menina vendida na Indonésia
O camponês explorado no Brasil
A trabalhadora extenuada no Paquistão
O ilegal perseguido na Europa
As senzalas deste mundo
Continuam abertas e sangrantes
Tatuando os corpos de milhões
Com os sinais da violência
E do desprezo
Semeando a indignidade
Coletando a morte
Desde a negritude e a feminidade
Deste sistema cruel
Eleva-se um grito de insurreição
Um clamor que penetra no coração
De quem ainda sente a humanidade
Na própria pele
4 de outubro de 2012
Democracia
Numa escolha
O futuro
Numa decisão
A dignidade
Numa oportunidade
A liberdade
Nem as ordens do fortão
Nem o ouro do ricaço
Nem os muros do arrogante
Nem as armas do brutão
Pelos que não são consultados
Pelos que não decidem
Pelos que ninguém considera
Pelos que somente sofrem
Para que a vida
Se torne humana
Para que a justiça
Se descubra viva
Numa escolha
A possibilidade
Numa decisão
A responsabilidade
Numa oportunidade
A solidariedade
1 de outubro de 2012
Andorinha atrevida
Uma andorinha atrevida
Me visita cada aurora
E sem licença nem recato
Rouba um por um
Meus sentimentos
Nestes dias perguntei curioso
– O que você faz
Andorinha abusada
Com as minhas emoções?
E ela sorriu descarada
– Peguei sua raiva
E a levei para bem longe
Até as gélidas paisagens
De eternas neves
Onde repousará adormecida
Até o dia que precise dela
– Sua tristeza teve como destino
O imenso e escuro oceano
E como era tão pesada
Afundou num instante
Lá deve estar afligindo as marés
– Quando apanhei sua alegria
O céu se tornou uma festa
Todas as estrelas queriam recebê-la
Para cuidar dela com carinho
Tive que dividi-la entre todas
Até iluminar para sempre nossas noites
– A sua ternura até agradeceu pelo passeio
Me abraçou com tanta delicadeza
Que derreteu meu coração
A deixei bem pertinho da lua
Para que a noite se torne carícia
Afugentando os medos e a solidão
– Também recolhi sua misericórdia
Me pareceu uma verdadeira gracinha
Enquanto agitava as asas ela me animava
Encorajando-me na fadiga
Vou semeá-la nos corações
Para que a vida de todos floresça
Assinar:
Postagens (Atom)