26 de novembro de 2012

Apátrida

No país dos idiotas
É honrado e aclamado
Quem manipula os desejos
E submete a coragem

No império dos ignorantes
Somente os surdos
Sobrevivem ao temporal
De ofensas e sarcasmos

Na pátria dos soberbos
O carnaval é diário
Tabuleiro perfeito
Para bajuladores e falsos

19 de novembro de 2012

Uma pedra e outra pedra


Uma pedra
E outra pedra
Um míssil estrelado
Aniquila sem piedade
Uma família palestina

Uma pedra
E outra pedra
Uma bala perdida
Arrasta pelo chão da morte
Mais uma criança carioca

Uma pedra
E outra pedra
Os mercenários do império
Arrasam um povoado
Na sua faxina afegane

Uma pedra
E outra pedra
Crianças adestradas
Como máquinas de extermínio
Dessangram o coração da África

Uma pedra
E outra pedra
Os bancos e seus capangas
Impassíveis amarram a corda
Que enforcará a vida
De um despejado na Espanha

Uma pedra
E outra pedra
Gordos e ricos fazendeiros
Maquinam armadilhas legais
Para exterminar seus irmãos índios

Uma pedra
E outra pedra
Que não lapidem nosso coração
Alcemos nossa consciência
E vomitemos vergonha

Uma pedra
E outra pedra
Com todas as mãos na massa
Edifiquemos a dignidade
Desta humanidade estuprada

12 de novembro de 2012

Variações


A mão aberta
O olhar profundo
O passo firme
A voz terna
O ouvido atento
O sorriso franco
O coração disposto

A mão firme
O olhar atento
O passo disposto
A voz franca
O ouvido profundo
O sorriso terno
O coração aberto

Combinações
Variações
Decisões

5 de novembro de 2012

A missão do poeta

Não direi nada novo
Não revelarei mistérios
Nem propagarei segredos
Simplesmente darei voz
Aos sentimentos que nos afogam
Às esperanças que nos nutrem
E aos amores que nos sustentam
Gritarei em solidariedade rebelde
A dor de quem não conta
O silêncio imposto
E a raiva contida
De quem habita a noite
Cantarei com todas as vozes
Em todas as línguas
E com todas as cores
Que a vida é uma dança
Quando o coração nos guia
Que as espinhas nunca abafarão
A fragrância das rosas
E que o sol retornará do exílio
Quando derrotarmos as trevas