21 de abril de 2013

A alma sedenta


A alma sedenta
Não vive de promessas
Nem de ilusões vãs

Farta de formalismos
Não aceita mais falsidades
Nem palavras artificiais

Sempre insatisfeita
Procura nos fundos
O que a aparência esconde

A alma que degustou o céu
Não se satisfaz com mixarias
Nem com sonhos de fumaça

A alma sedenta
Nunca abandonará sua busca
De outras águas e outros beijos

Com quem forjar abraços
Que nos devolvam a vida
E nos aproximem do eterno

13 de abril de 2013

O beija-flor


Um beija-flor agitado
Chegou bem perto de mim
Com gesto atribulado
E revoar angustiado

- Por que a vida é tão desigual?
Enquanto uns sofrem pela calma
Eu não posso refrear esta agitação
Que me exaspera e descontrola

Com carinho empático
Coloquei-me nas suas penas
Sem respostas elaboradas
Mas com a sinceridade precisa

- Não temas tua veloz existência
Que a angústia ou a ansiedade
Não afoguem tua esperança
Acalma teu coração travesso
E escuta seus versos e anseios
Oferece para ele caminhos e palavras
E mesmo que a pressa continue
Arrastando os voos da tua vida
Não percas nunca o rumo 
Nem esqueças jamais a causa
Que não se murche teu sorriso
Nem se esfriem teus beijos
Procura em cada flor que te acolha
O destino que te aguarda
E o amor que te alimenta

1 de abril de 2013

Insurreição


Golpeia!

Açoita!

Ofende!

Não protegerei a face

Nem revidarei tua raiva

Séculos de silenciada dor

Me ensinaram a sofrer calado

Mostra tuas cartas!

Podes agudizar a crueldade!

Não me encolherei humilhado

Nem implorarei clemência

Tua violência te incrimina

O ódio que transpiras te condena

Me consideras derrotado

Me evitas na tua arrogância

Achando que a força te protege

Mas tu és tolo e esqueces

Que o sangue semeado

Sempre acaba florescendo

No coração dos pequenos

Que a inocência castigada

Não tolera a impunidade

E que a história finalmente

Erguerá a dignidade

De quem foi espoliado em vida