Neste tempo de advento, de esperança ativa e transformadora, a realidade injusta e violenta tenta impor-se, mas a vida se revolta e nós revoltamo-nos com ela. Um poema velho para problemas, infelizmente, sempre atuais ...
– Vida, o que acontece? Por que você chora?
– Choro porque estão levando meus filhos
porque só o pranto me nasce
porque ser mãe arde
e porque o pródigo não aparece.
– Vida, o que você clama? Por que grita?
– Clamo porque me pisam as veias
porque só o grito me resta
porque estão secando minha alma
e porque me sufocam com calma.
– Vida, o que você teme? Por que não se revolta?
– Temo que se achem mais fortes
que me tenham por dócil
que nos humilhem mais fácil
e que matem o mais débil.
– Vida, o que você fez? Por que a perseguem?
– Amei-os como ninguém e entreguei-lhes quanto tenho
a verdade de seu crime
a verdade de sua origem
e a verdade que não querem.
– Vida, o que você vê? Por que não abandona?
– Vejo seu coração ainda humano e espero
que dê frutos o sangue dos vencidos
que cresça minha raiva até derrotá-los
e que, finalmente juntos, nos perdoemos.
13-10-97
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