16 de dezembro de 2009

Quando chegará o dia?

Mais uma poesia antiga resgatada do meu baú afetivo; mais um canto de esperança e revolta para entoar com o coração e construir com as mãos ...

Quando chegará o dia em que não existam mais carrascos, em que possamos olhar-nos todos sem rancor nos olhos, em que não haja ninguém por sobre outro, em que as únicas lágrimas derramadas sejam pelas dores de parto?

Quando chegará o dia em que os últimos sejamos todos, porque se acabaram para sempre os lugares dianteiros, em que todos corramos ajudando-nos, em que vença quem mais ama, em que o suor seja partilhado, em que na festa entremos todos?

Quando chegará o dia em que o pranto seja estranho, em que a dor seja força e a esperança convicção, em que todos sejamos guias, em que os fortes se sintam fracos e se deixem ajudar sem receio?

Quando chegará o dia em que a fala seja diálogo e discutamos cantando, em que todos conheçamos a melodia e desafinar nos cause riso, em que sonhar seja de graça e viver seja uma aventura?

Quando chegará o dia em que amemos sem ciúmes, em que nos demos sem troca, em que entreguemos o melhor e não o que nos sobra, em que riamos com todos sem nos importar com o barulho, em que aprendamos do outro só com a sua presença?

Quando chegará o dia em que a morte seja só um até logo e as despedidas sejam sempre agradecidas, em que o tempo não nos controle e os relógios sejam animais de estimação, em que Deus nos visite e no amor nos façamos um?

13-10-97

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