vamos brincar de ingênuos
eu serei o rei do país dos ingênuos
um rei que trabalhe e viva como o povo
preocupado com que tudo seja de todos
dialogante e compreensivo com todos os povos
a paz será uma ordem e o respeito ao diferente uma lei
eu serei o ministro ingênuo da economia
criarei um plano nacional de combate à riqueza
para evitar mais mortes por culpa dos excessos
os salários serão estabelecidos segundo as necessidades
e não as necessidades criadas segundo os salários
ninguém passará fome porque ninguém sofrerá de obesidade
eu vou ser o ministro da defesa ingênua
a minha primeira ordem será radical e inquestionável:
proibir a fabricação, compra e venda de armas
serei o ministro da paz e nunca da guerra
transformarei os militares em socorristas
e os quartéis em escolas de diálogo e compaixão
eu quero ser ministro ingênuo da cultura
e a partir de hoje será obrigatório pensar criticamente
quem se deixar manipular, quem copiar ou renunciar a escolher
sofrerá uma pena de reeducação, até conquistar sua liberdade
proibirei as formaturas, porque ninguém parará de estudar enquanto viver
e será tratado como terrorista quem se achar detentor da verdade absoluta
vamos brincar de ingênuos
e fazer um pouco mais feliz a vida de todos
brinquemos de idealistas sonhadores
e transformemos o mundo em um grande brinquedo
para que mais ninguém saiba o que é a tristeza e a solidão
26 de dezembro de 2010
20 de dezembro de 2010
Ninguém como tu
Ninguém como tu
perambulando por entre as tímidas estrelas
assobiando afetuosos versos
brincando com a pena e os sonhos
Ninguém como tu
saltitando pelas gélidas montanhas
mergulhando nos cálidos abismos
afagando a ira e os prantos
Ninguém como tu
dançando com idílicas lembranças
costurando os esparramados afetos
nutrindo a ternura e os risos
15 de dezembro de 2010
Quem sonha depois dos 60 anos?
Não é muito habitual encontrar pessoas com mais de 60 anos que ainda sonhem com a vida, o mundo, a história, o trabalho... Sonhar parece ser um costume (alguns falariam em doença ou, no melhor dos casos, defeito) da juventude. No entanto, sonhar é uma capacidade única do ser humano à qual não podemos nem devemos renunciar. (Continua)
Podemos sonhar para evadir o presente complicado e hostil, para fugir da realidade se refugiando num mundo bonitinho criado à medida dos meus desejos e ilusões, das minhas necessidades e das minhas frustrações.
Podemos sonhar também para construir uma imagem perfeita de mim mesmo, para criar a ilusão de que sou quem sempre quis ser, para disfarçar minha realidade tão pobre e imperfeita, para me convencer de que sou o que imagino ser.
Na pior das hipóteses, podemos sonhar com alucinógenos ideológicos ou religiosos, criando uma outra “irrealidade”, na qual encontramos consolo, justificação, força moral para continuar convencidos de que estamos no caminho certo e, por isso, somos melhores que os outros e, antes ou depois, a vida, ou a história, ou Deus nos recompensarão por isso.
Finalmente, podemos sonhar para idealizar, mental e afetivamente, o que o presente deveria ser, visualizando um novo horizonte de sentido que se transforme em referência e bússola para a realidade atual. Sonhar para exprimir até o limite as possibilidades do presente, projetando-as no futuro desejado, descobrindo ao mesmo tempo os passos a dar e os esforços a realizar. Sonhar para que o presente não nos afogue, apagando nossos fogos de juventude e nossos melhores sentimentos. Sonhar para não se conformar com o que as circunstâncias exigem de nós, para poder, se necessário, transformar as circunstâncias antes que elas nos deformem. Sonhar para que cada pequena ação, cada passo, palavra e gesto tenham uma mesma origem e um único fim. Sonhar para que os instintos mais animais não nos dominem e desumanizem. Sonhar para viver a vida, evitando que a realidade imposta e a opinião geral acabem vivendo nossa vida.
As instituições não são como as pessoas e, por estarem formadas por elas, deveriam ser suporte, refúgio e lançadeira para os sonhos, projetos e esforços dessas pessoas. As instituições não deveriam envelhecer, cansar ou renunciar aos seus sonhos fundacionais. Em cada etapa da história de uma instituição, as pessoas que lhe dão vida, atualizando sua missão, conservando seus valores e conquistando sua visão, são novas e, portanto, cheias de sonhos, vontade, energia e força. As instituições não são a soma das individualidades que fazem parte dela, mas um ser vivo que nasce e renasce, em cada momento histórico, a partir do que as pessoas oferecem, amam, sonham e entregam.
Infelizmente às vezes nos deparemos com instituições que enclaustram, abafam, aprisionam e mutilam as pessoas que as formam. Instituições que agem como se tivessem vida própria, engolindo energias e propostas, pessoas e idéias, projetos e sonhos. Instituições que parecem envelhecer se tornando fosseis ou múmias, ancoradas numa época que já não existe, olhando passar a história e julgando uma realidade que desconhecem e não amam. Conhecemos pessoas que são dessa forma, mas é triste quando as instituições acabam assim, porque acabam arrastando as pessoas que vivem e trabalham nela, e junto com as pessoas, afundam sonhos e bons projetos.
No 2011, o Colégio São Miguel Arcanjo celebrará 60 anos de existência. Seria, talvez, o momento de procurar a tranquilidade da terceira-idade, saboreando os frutos recolhidos, aproveitando a sabedoria adquirida e se acomodando no espaço conquistado. Mas não é assim que queremos comemorar esta data tão significativa. Quem hoje dá vida à missão escolápia no Colégio São Miguel não somos aqueles que o fundaram, várias gerações passaram já por este chão, deixando a marca de suas façanhas, seus êxitos e fracassos, levando com elas um pedacinho do coração deste colégio. Hoje o São Miguel existe pelos que aqui estamos, mas principalmente, pelos que continuamos sonhando que educar para libertar e transformar a vida de pessoas e da sociedade toda vale a pena, e por isso acordamos bem cedinho para empurrar o sol e fazer que chegue o dia esperado, o dia da nossa missão, o dia de dar vida (corpo, sangue, afeto e espírito) àquela brilhante intuição de Calasanz: se desde a mais terna infância, as crianças forem educadas na piedade e nas letras, poderemos esperar um futuro feliz para suas vidas e para a vida da sociedade que elas construirão.
Depois de 60 anos continuamos sonhando com um mundo melhor, mais humano e digno para toda a família humana, com uma sociedade mais justa e em paz, com umas famílias focadas no amor e na educação dos filhos. Sonhamos com uma escola nova, fazendo parte desta história, mas com uma atitude crítica e transformadora, uma escola laboratório de humanidade, de alteridade, de solidariedade. Sonhamos com uma educação que faça crescer as capacidades próprias de cada criança, em vez de uniformizá-las na mediocridade e na repetição de padrões fracassados. Sonhamos com um São Miguel que oferece o que nenhum outro colégio oferece, não por orgulho ou presunção de sermos o primeiro, mas porque amamos o que somos e o que deveríamos ser, o mais autêntico de nós, o que nos faz ser únicos e diferentes: o carisma herdado de Calasanz e atualizado com a vida dos que nos precederam. Sonhamos com um São Miguel que articule de forma efetiva e prática as três dimensões da nossa missão: evangelizar, educar e transformar. Sonhamos com a Família São Miguel, uma família de famílias, onde todos/as possam encontrar um lugar para crescer pessoalmente, para se comprometer com um mundo melhor, para viver e alimentar sua fé, para experimentar uma vida plena.
E sonhamos também, bom, na verdade já deixou de ser um sonho e, daqui a pouco, será uma realidade, com a Fraternidade Escolápia do Brasil. Pequenas comunidades cristãs enriquecidas com o carisma escolápio, partilhando a missão, espiritualidade e vida comunitária, desde todas as vocações e opções de vida. Uma experiência de vida cristã comunitária, adulta, profunda, significativa, integral para quem quiser aprofundar na sua vocação e vivência cristã, com o carisma escolápio como fio comum que costurará uma bonita colcha de retalhos, respeitando e aproveitando as diferenças e peculiaridades de cada pessoa.
Neste ano que comemoramos 60 anos nos sentimos mais jovens que nunca, cheios de energia, ideias, sonhos e projetos. E queremos que esta força que sentimos se contagie por todas as pessoas que fazem parte desta família. Somos e queremos ser muito mais que um colégio, queremos ser um espaço físico e humano seguro e alternativo, o laboratório de uma sociedade melhor, uma grande família de famílias, uma verdadeira comunidade eclesial onde experimentar a presença de Jesus Cristo, o amor fraterno que nos convoca e o Reino de paz e justiça que nos provoca.
Estão todos/as convidados/as para a nossa festa de aniversário.
14 de dezembro de 2010
Que não pare a festa!
O tempo voa e o fim do ano está já aí, batendo à porta da escola. Parece que era ontem quando começávamos o ano, com ansiedade, novos projetos e muitas ideias, e amanhã estaremos encerrando-o. O que conseguimos fazer de tudo isso a que nos propusemos? Cada qual responda... (continua)
Pode resultar triste, mas é bom olhar para trás e comparar o que queríamos realizar no início do ano e o que realmente logramos fazer. Quantos desejos e projetos frustrados! É verdade que às vezes conseguimos cumprir nossas metas ou, pelo menos, avançar e enfrentar alguns desafios, mas o que predomina são as tentativas que acabaram ficando pelo caminho.
Lembrei agora as palavras do escritor uruguaio Eduardo Galeano, “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos”. É difícil nos definir pelo que fazemos, porque fazemos pouco e com escassa qualidade. Ainda mais complicado é nos definir pelo que pensamos, nossa inteligência é esperta para idealizar um mundo bonitinho na nossa cabeça e acabar nos convencendo de que somos isso pelo fato de pensá-lo. Muitas vezes o que pensamos não tem reflexo nenhum no que fazemos e, o contrário, o que fazemos nada tem a ver com o que pensamos e, muito menos, com o que pensamos que fazemos.
Somos o que realmente podemos chegar a ser. Somos o que está em potência dentro de nós. Somos o que sabemos ou intuímos que poderíamos ser. Somos o que ainda está por descobrir (não falei inventar). Somos o que está sendo trabalhado, revisado, educado, formado, acompanhado, exigido, reconciliado, acolhido, mudado, superado... amado. Somos uma mistura de realidade e projeto: realidade projetada e projeto que vai se realizando. Todos sabemos quem e como somos (ou deveríamos saber), o verdadeiro desafio se encontra em averiguar o que poderíamos chegar a ser e, sobretudo, em iniciar o processo de transformação pessoal para, partindo da realidade, chegar ao ideal não de perfeição, mas de plenitude (ser o melhor e o máximo que pudermos chegar a ser).
Brinquei demais com as palavras? Peço desculpas. Tentarei ser mais claro e direto.
Acaba um ano com muitas ideias, projetos e sonhos que ficaram pelo caminho. Aceitemos com humildade e sinceridade. Mas a história não acaba aqui. Em poucos dias estaremos começando uma nova aventura, um novo capítulo do livro da vida, e as páginas estão todas em branco. O que queremos chegar a ser? Onde colocaremos nosso limite pessoal?
Alunos/as que estão formando e nos deixarão... abandonem o ninho e voem para outros céus. Ainda não lograram nada na vida, fizeram somente o que, com as oportunidades oferecidas e suas capacidades próprias, deviam fazer. A vida pra valer começa agora, mas nunca se esqueçam do alimento que aqui receberam. Não se conformem em ser o que todos/as são. Não percorram caminhos já trilhados por outros/as que somente conduzem a uma vida monótona, sem sentido e sem felicidade. Não vivam superficialmente. Aprofundem na vida, no conhecimento, na realidade, na fé, no amor, na amizade, sempre procurando a experiência mais plena. Não se conformem com menos.
Alunos/as que continuarão seu processo de formação aqui, no São Miguel... aproveitem as oportunidades para forjar os alicerces da vida. Não deixem passar o tempo à toa, caso contrário, quando menos esperarem, descobrirão que outros já se apropriaram de sua vida. Não se deixem transformar em marionetes. Mergulhem na sua própria realidade, explorem suas capacidades, questionem a vida e o mundo, aprendam! Mas, sobretudo, aprendam a viver de verdade, procurem a felicidade mais profunda. E lembrem sempre que ninguém é feliz sozinho.
Funcionários/as que fazem parte desta família... são todos/as necessários/as. O São Miguel e a missão escolápia precisam de cada um/a de vocês, do melhor que vocês puderem chegar a ser, dos seus melhores esforços, da sua responsabilidade e amor, não para engrandecer o nome do Colégio, mas para engrandecer a vida de tantas crianças e adolescentes que nos foram confiados/as. Sejamos o mais bonito sorriso, o mais profundo abraço, a mais exigente proposta, a mais compreensiva paciência, a mais generosa entrega. Todos/as nós dizemos, com orgulho ou com resignação (dependendo de cada pessoa), que trabalhamos no São Miguel. Tomara que algum dia cheguemos a afirmar que, trabalhando no São Miguel, aprendemos a viver.
Famílias todas... abram as portas e as janelas de suas casas, abram a sua realidade familiar, o mundo não termina no tapete da entrada, aí é que o mundo começa. Não se isolem, nem se afastem do mundo, nem se refugiem na casa. Vivam em casa o que gostariam que o mundo fosse, e mostrem ao mundo que é possível ser feliz em família. Infelizmente, estamos acostumados a ver famílias irreais, com aparência de felicidade e uma realidade que só provoca sair correndo. O mundo real está fora, não podemos criar submundos, nem realidades paralelas, seria um grande prejuízo para seus/suas filhos/as. O mundo é o que é, e será o que nós quisermos que seja. Quem enxerga o mundo com olhar medroso, somente descobre perigos; quem olha com confiança, somente percebe oportunidades; quem contempla com amor, somente encontra necessidades para atender. Transformem suas famílias num laboratório de partilha, respeito mútuo (mútuo!), liberdade, empatia e, sobretudo, amor (gratuito e sem cobranças). Deixem que o mundo, com seus problemas, desafios e necessidades, entre na vida familiar e sonhem juntos. Sonhem com o que deveriam oferecer para mudar a realidade, com o que poderiam viver para transformar a parcela de mundo na qual existem, com o que de fato acrescentarão com suas vidas, únicas e irrepetíveis.
Acaba um ano, mas a vida continua... O que logramos neste ano que acaba? O que queremos lograr no próximo ano? Cada qual responda.
Encerramos mais um ano de trabalho. Ano em que comemoramos 60 anos de presença escolápia no Brasil. Em breve iniciaremos outro que também nos convida a celebrar: 60 anos de existência do Colégio São Miguel Arcanjo.
Acaba um ano, mas a festa da vida, da missão escolápia, da educação que liberta e do compromisso que transforma, continua.
Que não pare a festa!
Pode resultar triste, mas é bom olhar para trás e comparar o que queríamos realizar no início do ano e o que realmente logramos fazer. Quantos desejos e projetos frustrados! É verdade que às vezes conseguimos cumprir nossas metas ou, pelo menos, avançar e enfrentar alguns desafios, mas o que predomina são as tentativas que acabaram ficando pelo caminho.
Lembrei agora as palavras do escritor uruguaio Eduardo Galeano, “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos”. É difícil nos definir pelo que fazemos, porque fazemos pouco e com escassa qualidade. Ainda mais complicado é nos definir pelo que pensamos, nossa inteligência é esperta para idealizar um mundo bonitinho na nossa cabeça e acabar nos convencendo de que somos isso pelo fato de pensá-lo. Muitas vezes o que pensamos não tem reflexo nenhum no que fazemos e, o contrário, o que fazemos nada tem a ver com o que pensamos e, muito menos, com o que pensamos que fazemos.
Somos o que realmente podemos chegar a ser. Somos o que está em potência dentro de nós. Somos o que sabemos ou intuímos que poderíamos ser. Somos o que ainda está por descobrir (não falei inventar). Somos o que está sendo trabalhado, revisado, educado, formado, acompanhado, exigido, reconciliado, acolhido, mudado, superado... amado. Somos uma mistura de realidade e projeto: realidade projetada e projeto que vai se realizando. Todos sabemos quem e como somos (ou deveríamos saber), o verdadeiro desafio se encontra em averiguar o que poderíamos chegar a ser e, sobretudo, em iniciar o processo de transformação pessoal para, partindo da realidade, chegar ao ideal não de perfeição, mas de plenitude (ser o melhor e o máximo que pudermos chegar a ser).
Brinquei demais com as palavras? Peço desculpas. Tentarei ser mais claro e direto.
Acaba um ano com muitas ideias, projetos e sonhos que ficaram pelo caminho. Aceitemos com humildade e sinceridade. Mas a história não acaba aqui. Em poucos dias estaremos começando uma nova aventura, um novo capítulo do livro da vida, e as páginas estão todas em branco. O que queremos chegar a ser? Onde colocaremos nosso limite pessoal?
Alunos/as que estão formando e nos deixarão... abandonem o ninho e voem para outros céus. Ainda não lograram nada na vida, fizeram somente o que, com as oportunidades oferecidas e suas capacidades próprias, deviam fazer. A vida pra valer começa agora, mas nunca se esqueçam do alimento que aqui receberam. Não se conformem em ser o que todos/as são. Não percorram caminhos já trilhados por outros/as que somente conduzem a uma vida monótona, sem sentido e sem felicidade. Não vivam superficialmente. Aprofundem na vida, no conhecimento, na realidade, na fé, no amor, na amizade, sempre procurando a experiência mais plena. Não se conformem com menos.
Alunos/as que continuarão seu processo de formação aqui, no São Miguel... aproveitem as oportunidades para forjar os alicerces da vida. Não deixem passar o tempo à toa, caso contrário, quando menos esperarem, descobrirão que outros já se apropriaram de sua vida. Não se deixem transformar em marionetes. Mergulhem na sua própria realidade, explorem suas capacidades, questionem a vida e o mundo, aprendam! Mas, sobretudo, aprendam a viver de verdade, procurem a felicidade mais profunda. E lembrem sempre que ninguém é feliz sozinho.
Funcionários/as que fazem parte desta família... são todos/as necessários/as. O São Miguel e a missão escolápia precisam de cada um/a de vocês, do melhor que vocês puderem chegar a ser, dos seus melhores esforços, da sua responsabilidade e amor, não para engrandecer o nome do Colégio, mas para engrandecer a vida de tantas crianças e adolescentes que nos foram confiados/as. Sejamos o mais bonito sorriso, o mais profundo abraço, a mais exigente proposta, a mais compreensiva paciência, a mais generosa entrega. Todos/as nós dizemos, com orgulho ou com resignação (dependendo de cada pessoa), que trabalhamos no São Miguel. Tomara que algum dia cheguemos a afirmar que, trabalhando no São Miguel, aprendemos a viver.
Famílias todas... abram as portas e as janelas de suas casas, abram a sua realidade familiar, o mundo não termina no tapete da entrada, aí é que o mundo começa. Não se isolem, nem se afastem do mundo, nem se refugiem na casa. Vivam em casa o que gostariam que o mundo fosse, e mostrem ao mundo que é possível ser feliz em família. Infelizmente, estamos acostumados a ver famílias irreais, com aparência de felicidade e uma realidade que só provoca sair correndo. O mundo real está fora, não podemos criar submundos, nem realidades paralelas, seria um grande prejuízo para seus/suas filhos/as. O mundo é o que é, e será o que nós quisermos que seja. Quem enxerga o mundo com olhar medroso, somente descobre perigos; quem olha com confiança, somente percebe oportunidades; quem contempla com amor, somente encontra necessidades para atender. Transformem suas famílias num laboratório de partilha, respeito mútuo (mútuo!), liberdade, empatia e, sobretudo, amor (gratuito e sem cobranças). Deixem que o mundo, com seus problemas, desafios e necessidades, entre na vida familiar e sonhem juntos. Sonhem com o que deveriam oferecer para mudar a realidade, com o que poderiam viver para transformar a parcela de mundo na qual existem, com o que de fato acrescentarão com suas vidas, únicas e irrepetíveis.
Acaba um ano, mas a vida continua... O que logramos neste ano que acaba? O que queremos lograr no próximo ano? Cada qual responda.
Encerramos mais um ano de trabalho. Ano em que comemoramos 60 anos de presença escolápia no Brasil. Em breve iniciaremos outro que também nos convida a celebrar: 60 anos de existência do Colégio São Miguel Arcanjo.
Acaba um ano, mas a festa da vida, da missão escolápia, da educação que liberta e do compromisso que transforma, continua.
Que não pare a festa!
1 de dezembro de 2010
Procurando-me
Sonhará a erva com ser lírio
Voar como as águias a simples rolinha?
Será com oceanos que a crisálida fantasia
Correr pelos prados o devaneio do golfinho?
Perguntei tantas vezes ao silêncio e aos ventos
Indaguei insistente nas estrelas e nos mares
Procurando a verdade dos meus sonhos
O íntimo significado das minhas dores
A cruel origem dos mais profundos medos.
Peregrino e sem guia aventurei-me pelos mundos
Mergulhei nas formas, nos sons, nas cores
Não me reconheci nos cantos, nos risos, nos prantos
Perdi-me entre disfarces, caretas e luzes
Sem achar explicação ao que borbulha nos fundos.
Assinar:
Postagens (Atom)