Sossega coração, sossega
Contempla o ir e vir da tristeza
Na dança calma ou agitada da onda
No vaivém eterno da vida
Acalma coração, acalma
Que não retraiam teus ânimos
Nem a espuma, nem os ventos
Nem o estrondo dos temores emergidos
Amansa coração, amansa
A dor que alagou tua alma
Passará com a luz do novo dia
Germinando novamente a esperança
Repousa coração, repousa
Suporta a sedutora correnteza
Mergulhando na solidão mais profunda
Até encontrar o amor que te alimenta
30 de agosto de 2011
21 de agosto de 2011
Melodias de dor
Melodias de dor se forjam
no mais profundo esquecimento
e como lágrimas se derramam
entre os dedos
através das mãos
percorrendo a vida
É um canto de revolta
diante da barbárie humana
um grito de resistência
um clamor angustioso
que acorda o olhar
e aguça a consciência
Que ninguém disfarce
a dor do mundo
até que a última ferida
no último coração
do mais esquecido e abandonado
dos filhos desta terra
seja curada com amor e justiça
no mais profundo esquecimento
e como lágrimas se derramam
entre os dedos
através das mãos
percorrendo a vida
É um canto de revolta
diante da barbárie humana
um grito de resistência
um clamor angustioso
que acorda o olhar
e aguça a consciência
Que ninguém disfarce
a dor do mundo
até que a última ferida
no último coração
do mais esquecido e abandonado
dos filhos desta terra
seja curada com amor e justiça
15 de agosto de 2011
Aos prantos
A tristeza engasgou-se no íntimo
Dificultando o bom senso
E paralisando o instinto
Como uma espinha gigante
Atravessou-me no fundo
Perfurou a alegria
E libertou os medos
Angustiado e tremendo
Resgato a memória
Procurando os motivos
Intuindo o futuro
Quem convidou os fantasmas
Que me envolvem e afligem?
Quem ressuscitou o passado
Transformando-o em futuro?
Resiste, aguenta, levanta!
Clamo e reclamo a cada jornada
Mas as forças afrouxam
Quando a dor nos ataca
Porque roubaram a esperança?
Para que alimentaram a raiva?
Quem me devolverá a calma?
Dificultando o bom senso
E paralisando o instinto
Como uma espinha gigante
Atravessou-me no fundo
Perfurou a alegria
E libertou os medos
Angustiado e tremendo
Resgato a memória
Procurando os motivos
Intuindo o futuro
Quem convidou os fantasmas
Que me envolvem e afligem?
Quem ressuscitou o passado
Transformando-o em futuro?
Resiste, aguenta, levanta!
Clamo e reclamo a cada jornada
Mas as forças afrouxam
Quando a dor nos ataca
Porque roubaram a esperança?
Para que alimentaram a raiva?
Quem me devolverá a calma?
8 de agosto de 2011
Os clamores do mundo
No meio de um mundo em transformação, agitado e convulso, surge em mim uma dúvida que se desdobra e multiplica em mil perguntas e questionamentos. Realmente estamos interessados em conhecer o mundo que habitamos, ou substituímos o mundo real pelo “meu pequeno mundo”, no qual eu (com as minhas preocupações e necessidades) sou o centro gravitacional?
São muitas as tragédias que acontecem a cada dia, algumas vêm se arrastando na história atual, deixando seu rasto de morte e dor; outros são acontecimentos recentes que desestabilizam a ordem estabelecida, perturbando a tranquilidade almejada pelas classes acomodadas do mundo e seus dirigentes. Algumas experiências estão ainda em gestação e nem sabemos no que resultará, mas já estão apontando para um horizonte novo, destacando a possibilidade e a necessidade de pensar o futuro desde outras referências diferentes das usadas até agora.
Quero compartilhar alguns dos acontecimentos atuais que mais pesam na minha consciência mundial, com uma breve descrição e algumas reflexões críticas simples. (Continuar lendo)
A GlobalRevolution, inspirada nos movimentos cidadãos surgidos na Espanha nestes meses como reação à crise econômica e às políticas oficiais implementadas para enfrentá-la. Conhecida com diferentes nomes tais como SpanishRevolution, movimento 15M, Indignados, ela reúne cidadãos em assembléias, acampamentos e marchas nas principais cidades do país com uma mensagem clara: “não somos mercadoria”. Segundo eles os problemas sociais e econômicos que estão vivendo os países ocidentais não têm sua causa na crise, mas no sistema mesmo. Os governos enfrentam a crise aplicando fortes recortes nas políticas e gastos sociais, “democratizando” os custos da crise entre a população que, de fato, já vêm sofrendo as consequências da mesma (desemprego, inflação, bolha imobiliária, juros e hipotecas...). Os prejuízos da crise são socializados, mas nunca foram socializados os lucros das grandes corporações e bancos, verdadeiros responsáveis pela crise. Uma revolta de indignação está enchendo praças e ruas com milhares de pessoas, perpassando gerações, ideologias, religiões, nacionalidades, com uma luta não-violenta em favor de uma democracia real e participativa, que privilegie a sociedade e não os índices econômicos, as pessoas e não os interesses corporativos, a justiça social e não a depredação dos bens públicos por parte de políticos corruptos, profissionais da malandragem. O que começou com um acampamento numa praça de Madri, aos poucos está se espalhando por muitas cidades da Espanha, Europa, América, Oriente Médio... O que resultará de tudo isto, não sabemos, mas o certo é que estamos num momento muito interessante, numa revolta social que reflete o desgaste das classes até agora privilegiadas e que agora sofrem as consequências de políticas econômicas desumanas e enganadoras. O desgaste dos países que foram colocados como modelo de progresso econômico e político. Talvez o fim de um sistema que, no meio da crise, tenta se sustentar e reerguer a qualquer preço.
A insurreição civil nos países árabes contra governos quase ditatoriais e seus exércitos. Alguns países já não serão mais o mesmo, como o Egito e a Tunísia. Outros continuam envolvidos em fratricidas guerras, alimentadas pelos países representantes da verdadeira democracia e da liberdade, que nunca tiveram problema para comprar e vender favores, amizades e alianças, como acontece na Líbia. E outros países envolvidos em sangrentos conflitos, sofrendo igualmente as consequências de regimes autoritários e corruptos, com povos reprimidos com força brutal e desproporcionada, são intencionalmente ignorados por esses mesmos representantes da democracia e da liberdade, é o que aconteceu com o Bahrein, Iêmen, e agora chega a limites escandalosos na Síria.
Dramática é a situação da população de Somália, no meio de uma guerra entre a milícia islâmica radical de Al Shabab e as tropas de um governo inexistente depois da saída do último ditador, apoiados pelas tropas da União Africana, representando a democracia e a liberdade (e garantindo os interesses dos países ocidentais nessa região estrategicamente tão importante). A seca prolongada, décadas de guerra, milhões de refugiados e uma consequência terrível: a pior crise alimentar desde os anos 90, quando a fome assolou o país. Vinte e nove mil crianças já morreram de fome só nos últimos três meses e a ajuda humanitária internacional não chega por culpa dos conflitos armados. A seca não é a causa primeira desta situação, mas o detonante final de uma história de exploração, devastação colonialista, guerras entre blocos ideológicos, conflitos religiosos, etc. Onde estão os responsáveis? Talvez lucrando mais uma vez com suas campanhas “humanitárias”.
E a Noruega nos surpreendeu! Triste surpresa quando uma pessoa decide, por motivações ideológicas e religiosas, assassinar 93 pessoas. Um fanático religioso, um extremista racista e misógino, que se achava um cavaleiro templário lutando em nome de Deus, vingando as políticas tolerantes com muçulmanos, ciganos, negros e pobres em geral. Um homem mais inteligente que os outros, um visionário que intuiu o que os demais não podem ou não querem ver: que neste mundo não há espaço nem futuro para todos, por isso as raças superiores devem eliminar, excluir, isolar todos aqueles que ameacem a salvação do “povo eleito”. Um louco ou simplesmente o resultado de uma sociedade egocêntrica e materialista? Uma sociedade fundamentada no consumo ilimitado de uns poucos privilegiados, à custa de uma maioria esquecida que paga com sua miséria os excessos da minoria e que, agora, é vista como ameaça para o bem-estar alcançado.
E o que dizer dos conflitos que se perpetuam no tempo, transformando o que era uma “guerra preventiva” em um estado de guerra permanente? Quantos inocentes pagaram com suas vidas o desejo de vingança de um estado que quando quis, brincou com a violência no mundo todo? Quantos sofrem até hoje com as mudanças arbitrárias na política internacional dos Estados Unidos e seus aliados? Poderíamos fazer uma lista enorme com os nomes de pessoas ou grupos que foram treinados, protegidos, armados e financiados pelos diferentes governos norte-americanos que, em um determinado momento, se transformaram em inimigos da liberdade e dos direitos humanos, em terroristas sanguinários e desestabilizadores das democracias, da paz e da ordem mundial. O caso mais claro e conhecido é o recentemente executado Osama Bin Laden, mas poderíamos citar tantos... Iraque e Afeganistão continuam lotando os jornais com ataques, atentados, mortos e sofrimento. Quando na história da humanidade a violência resolveu um só conflito? Não aprendemos porque não nos interessa aprender.
Este é o mundo que temos. Poderíamos continuar com outros conflitos e situações dramáticas que acontecem a cada dia. A minha preocupação continua sendo a mesma: tudo isso tem alguma coisa a ver comigo? Sinto-me parte deste mundo, me afeta o que nele acontece? Interesso-me por compreender as causas e consequências dos acontecimentos ou sou um simples espectador?
A GlobalRevolution, inspirada nos movimentos cidadãos surgidos na Espanha nestes meses como reação à crise econômica e às políticas oficiais implementadas para enfrentá-la. Conhecida com diferentes nomes tais como SpanishRevolution, movimento 15M, Indignados, ela reúne cidadãos em assembléias, acampamentos e marchas nas principais cidades do país com uma mensagem clara: “não somos mercadoria”. Segundo eles os problemas sociais e econômicos que estão vivendo os países ocidentais não têm sua causa na crise, mas no sistema mesmo. Os governos enfrentam a crise aplicando fortes recortes nas políticas e gastos sociais, “democratizando” os custos da crise entre a população que, de fato, já vêm sofrendo as consequências da mesma (desemprego, inflação, bolha imobiliária, juros e hipotecas...). Os prejuízos da crise são socializados, mas nunca foram socializados os lucros das grandes corporações e bancos, verdadeiros responsáveis pela crise. Uma revolta de indignação está enchendo praças e ruas com milhares de pessoas, perpassando gerações, ideologias, religiões, nacionalidades, com uma luta não-violenta em favor de uma democracia real e participativa, que privilegie a sociedade e não os índices econômicos, as pessoas e não os interesses corporativos, a justiça social e não a depredação dos bens públicos por parte de políticos corruptos, profissionais da malandragem. O que começou com um acampamento numa praça de Madri, aos poucos está se espalhando por muitas cidades da Espanha, Europa, América, Oriente Médio... O que resultará de tudo isto, não sabemos, mas o certo é que estamos num momento muito interessante, numa revolta social que reflete o desgaste das classes até agora privilegiadas e que agora sofrem as consequências de políticas econômicas desumanas e enganadoras. O desgaste dos países que foram colocados como modelo de progresso econômico e político. Talvez o fim de um sistema que, no meio da crise, tenta se sustentar e reerguer a qualquer preço.
A insurreição civil nos países árabes contra governos quase ditatoriais e seus exércitos. Alguns países já não serão mais o mesmo, como o Egito e a Tunísia. Outros continuam envolvidos em fratricidas guerras, alimentadas pelos países representantes da verdadeira democracia e da liberdade, que nunca tiveram problema para comprar e vender favores, amizades e alianças, como acontece na Líbia. E outros países envolvidos em sangrentos conflitos, sofrendo igualmente as consequências de regimes autoritários e corruptos, com povos reprimidos com força brutal e desproporcionada, são intencionalmente ignorados por esses mesmos representantes da democracia e da liberdade, é o que aconteceu com o Bahrein, Iêmen, e agora chega a limites escandalosos na Síria.
Dramática é a situação da população de Somália, no meio de uma guerra entre a milícia islâmica radical de Al Shabab e as tropas de um governo inexistente depois da saída do último ditador, apoiados pelas tropas da União Africana, representando a democracia e a liberdade (e garantindo os interesses dos países ocidentais nessa região estrategicamente tão importante). A seca prolongada, décadas de guerra, milhões de refugiados e uma consequência terrível: a pior crise alimentar desde os anos 90, quando a fome assolou o país. Vinte e nove mil crianças já morreram de fome só nos últimos três meses e a ajuda humanitária internacional não chega por culpa dos conflitos armados. A seca não é a causa primeira desta situação, mas o detonante final de uma história de exploração, devastação colonialista, guerras entre blocos ideológicos, conflitos religiosos, etc. Onde estão os responsáveis? Talvez lucrando mais uma vez com suas campanhas “humanitárias”.
E a Noruega nos surpreendeu! Triste surpresa quando uma pessoa decide, por motivações ideológicas e religiosas, assassinar 93 pessoas. Um fanático religioso, um extremista racista e misógino, que se achava um cavaleiro templário lutando em nome de Deus, vingando as políticas tolerantes com muçulmanos, ciganos, negros e pobres em geral. Um homem mais inteligente que os outros, um visionário que intuiu o que os demais não podem ou não querem ver: que neste mundo não há espaço nem futuro para todos, por isso as raças superiores devem eliminar, excluir, isolar todos aqueles que ameacem a salvação do “povo eleito”. Um louco ou simplesmente o resultado de uma sociedade egocêntrica e materialista? Uma sociedade fundamentada no consumo ilimitado de uns poucos privilegiados, à custa de uma maioria esquecida que paga com sua miséria os excessos da minoria e que, agora, é vista como ameaça para o bem-estar alcançado.
E o que dizer dos conflitos que se perpetuam no tempo, transformando o que era uma “guerra preventiva” em um estado de guerra permanente? Quantos inocentes pagaram com suas vidas o desejo de vingança de um estado que quando quis, brincou com a violência no mundo todo? Quantos sofrem até hoje com as mudanças arbitrárias na política internacional dos Estados Unidos e seus aliados? Poderíamos fazer uma lista enorme com os nomes de pessoas ou grupos que foram treinados, protegidos, armados e financiados pelos diferentes governos norte-americanos que, em um determinado momento, se transformaram em inimigos da liberdade e dos direitos humanos, em terroristas sanguinários e desestabilizadores das democracias, da paz e da ordem mundial. O caso mais claro e conhecido é o recentemente executado Osama Bin Laden, mas poderíamos citar tantos... Iraque e Afeganistão continuam lotando os jornais com ataques, atentados, mortos e sofrimento. Quando na história da humanidade a violência resolveu um só conflito? Não aprendemos porque não nos interessa aprender.
Este é o mundo que temos. Poderíamos continuar com outros conflitos e situações dramáticas que acontecem a cada dia. A minha preocupação continua sendo a mesma: tudo isso tem alguma coisa a ver comigo? Sinto-me parte deste mundo, me afeta o que nele acontece? Interesso-me por compreender as causas e consequências dos acontecimentos ou sou um simples espectador?
4 de agosto de 2011
Sentir e viver
Reuni no livro Sentir e Viver todos os poemas publicados neste blog até agora. Pode ver aqui (recomendo em tela cheia) ou no site do Scribd, acessando desde o título do livro. Se alguém quiser um exemplar em PDF pode solicitar diretamente por e-mail.
1 de agosto de 2011
Quando as entranhas se agitam
Quando as entranhas se agitam
E os alicerces se comovem
Quando o futuro se embaça
E a esperança foge enevoada
Onde ancoraremos nossos sonhos?
Onde semearemos os esforços?
Na dor de quem não tem culpa
De que sejamos discurso
Etéreas teorias sem raiz nem fruto
No sofrimento mudo dos esquecidos
Espectadores da nossa grandiloquência
Comensais forçosos da nossa incoerência
Na luta teimosa de quem ainda canta
Apesar das feridas do nosso desprezo
Avivando o sangue e afirmando o passo
E os alicerces se comovem
Quando o futuro se embaça
E a esperança foge enevoada
Onde ancoraremos nossos sonhos?
Onde semearemos os esforços?
Na dor de quem não tem culpa
De que sejamos discurso
Etéreas teorias sem raiz nem fruto
No sofrimento mudo dos esquecidos
Espectadores da nossa grandiloquência
Comensais forçosos da nossa incoerência
Na luta teimosa de quem ainda canta
Apesar das feridas do nosso desprezo
Avivando o sangue e afirmando o passo
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