Comemos sem digerir
Beijamos sem saborear
Amamos sem renunciar
Na festa dos idiotas
Nada tem sentido
Tudo virou automático
Sem criatividade
Nem espontaneidade
Alienado rito tragicômico
Repetido até a extenuação
Na festa dos idiotas
Os mais espertos têm a batuta
E dirigem a orquestra
Sem jeito nem maneira
Enquanto os idiotas da vida
Arrastam seus passos
Num frenesi alcoolizado
Num delírio narcotizado
Na festa dos idiotas
Palavras vazias
Enfeitam as paredes e as salas
Enchendo os olhos
De fascinados leitores
Que engolem a vida
Sem questionar nem sentir
Na festa dos idiotas
A ideologia é servida
Em sedutores pratos
De manjares exóticos
Enquanto empapuçados convidados
Dormitam recostados
Sobre a miséria do mundo
Existimos sem rumo
Dançamos sem gosto
Sofremos sem pranto
Morreremos sem luto