Renuncio a esta viagem
que nos arrasta sem compaixão
sem destino nem guia
por caminhos tortuosos
e desnecessárias feridas
Renuncio a este mundo
que nos aguilhoa sem piedade
sem dó nem pena
por motivos fúteis
e sórdidos objetivos
Renuncio a esta corrente
que nos amarra sem solução
sem esperança nem escolha
por culpa dos medos
e dos próprios fantasmas
Renuncio a esta guerra
que nos destrói sem sentido
sem causa nem futuro
por bandeiras desbotadas
e vazios discursos
31 de outubro de 2011
24 de outubro de 2011
Ambiguidades
Silêncio
respeito ou indiferença?
desprezo ou solidariedade?
Sorriso
carinho ou humilhação?
sarcasmo ou amizade?
Lágrimas
tristeza ou júbilo?
emoção ou sofrimento?
Quão difícil é interpretar a vida
decifrar os sinais do coração
entender as intenções e os motivos
Portanto,
não julgues sem perguntar
não dês significados improvisados
Tantas vezes me surpreendo
agindo sem me entender
sendo um estranho para mim
Fico calado sem propósito
expilo risadas sem explicação
e choro amargamente sem motivo
Aceitemo-nos sem compreender
deixemos que o perdão domine o juízo
e o coração se encontre com seu semelhante
respeito ou indiferença?
desprezo ou solidariedade?
Sorriso
carinho ou humilhação?
sarcasmo ou amizade?
Lágrimas
tristeza ou júbilo?
emoção ou sofrimento?
Quão difícil é interpretar a vida
decifrar os sinais do coração
entender as intenções e os motivos
Portanto,
não julgues sem perguntar
não dês significados improvisados
Tantas vezes me surpreendo
agindo sem me entender
sendo um estranho para mim
Fico calado sem propósito
expilo risadas sem explicação
e choro amargamente sem motivo
Aceitemo-nos sem compreender
deixemos que o perdão domine o juízo
e o coração se encontre com seu semelhante
21 de outubro de 2011
Nem precisamos explicar
Parece que a leitura, principalmente de textos compridos e densos, cada vez custa mais e gosta menos nos tempos que vivemos. Por esse motivo e apesar da minha tendência natural a construir elaborados parágrafos e textos, decidi escrever hoje de forma diferente.
No contexto da comemoração dos 60 anos do Colégio São Miguel Arcanjo, quero compartilhar em forma de frases curtas, sentenças, ditados ou aquilo que for saindo do coração, o que para nós, escolápios, significa comemorar 60 anos de caminhada, e o desafio de construir um futuro bonito, desde a criatividade e a fidelidade às nossas fontes (Jesus de Nazaré e São José de Calasanz). (Continuar lendo...)
- A história? Um livro que devemos ler entre linhas e com olhar crítico, para compreender, aprender e não cometer os mesmos erros.
- 60 anos de vida institucional, mas quantos anos de vidas pessoais doados, oferecidos, compartilhados, construídos...?
- A pessoa é muito mais que um cérebro em um corpo. Devemos educar a pessoa toda, sua intelectualidade, afetividade, sexualidade, corporalidade, emotividade, criticidade, transcendência, sociabilidade, familiaridade...
- Educar para se encaixar no sistema? Isso não é educar, mas moldar! Não é isso que queremos! Não é para isso que trabalhamos!
- Educar para obter um bom resultado no ranking de escolas? E quais os critérios para estabelecer essa escala? Imagino que não entram itens como: honestidade, autenticidade, consciência ética, solidariedade...
- Educar focado no resultado do vestibular, Enem ou até da faculdade é como dirigir um carro de noite com um farol que ilumina somente um metro pela frente, antes ou depois acabaremos caindo em algum barranco ou batendo de frente com algum obstáculo.
- Basear a imagem pública do colégio nos resultados de vestibulares ou Enem é como vender um carro pela cor tão bonita com que foi pintado, esquecendo que a vida do carro está dentro, no seu motor.
- Fazer propaganda com os nomes de alunos “exitosos” nos vestibulares é fácil, mas quem garante que esses alunos sejam pessoas educadas, bem formadas, humanas no trato com os demais, dignas de levar o nome do colégio com elas?
- Educamos para que cada criança, adolescente ou jovem possa descobrir seu “tesouro”, suas melhores capacidades e talentos, colocando-o a serviço do que mais gosta e melhor sabe fazer, construindo uma vida feliz e contribuindo com a felicidade de todos/as.
- Educar é favorecer a autenticidade, que cada pessoa chegue a ser o melhor de si própria, que seja o original, que desenvolva aquilo que faz dela um ser único e irrepetível.
- Educar com um único padrão é desconsiderar a complexidade e diversidade do mundo em que vivemos e a particularidade de cada pessoa.
- Como é importante a avaliação! Mas avaliação de que? Das competências para superar as diferentes provas acadêmicas? Isso não é educar, mas treinar! Avaliemos as competências para a construção, com responsabilidade, da vida própria e de uma sociedade melhor!
- Educar é libertar! Libertar de: preconceitos, medos, tabus, dogmas, violência, visões reduzidas e mesquinhas do mundo e da vida, egocentrismo, imediatismo sem futuro, concorrência desumana...
- Um colégio deve ser um laboratório, reproduzindo em miniatura o mundo que sonhamos e para o qual educamos. Estamos conseguindo?
- Temos claros nossos valores institucionais: paz, justiça, solidariedade, respeito pelo diferente... Funcionários/as e famílias, falemos a mesma linguagem!
- Qualidade ou excelência na educação? Totalmente necessárias! Mas, desde quais critérios? Para concorrer com essas escolas que somente se orientam pelas tendências de mercado, procurando lucro, fama e prestígio? Não, obrigado.
- Qualidade e excelência têm que caminhar juntas com fidelidade e criatividade. Fidelidade à nossa identidade escolápia (carisma e missão). Criatividade para responder aos desafios atuais, oferecendo o que é próprio e exclusivo de um colégio escolápio. Qualidade e excelência para sermos mais fieis e mais criativos na nossa missão hoje, isso sim!
- E qual é a nossa missão hoje? A mesma de sempre, a que Calasanz intuiu e por ela entregou a vida. Evangelizar (oferecer a proposta de Jesus) educando (formando a pessoa em todas suas dimensões) crianças e jovens, preferencialmente pobres (os que mais precisam, os que sofrem as consequências da injustiça e do egoísmo pessoal e social) para transformar a sociedade (pessoas novas comprometidas na construção de uma sociedade nova, sem excluídos).
- Os sonhos viram ilusão quando não se transformam em projetos, desembocando em ações que acabem atingindo a realidade.
- Queremos ser e viver do jeito que Jesus propõe e é desde esse modelo que queremos educar. Isso não se negocia. E ser assim significa olhar o mundo desde as necessidades e os direitos dos últimos, não desde a soberba dos primeiros ou desde a inveja dos que estão no meio. Viver como Jesus significa compreender a vida desde o serviço gratuito ao outro, não desde a concorrência com o outro e, muito menos, desde a exploração do outro.
Poderíamos continuar acrescentando elementos para definir o que somos, o que sonhamos, o que acreditamos e pelo que nos esforçamos cada dia. Acho que nem precisamos explicar esses pontos, precisamos vive-los, isso sim. Temos uma história de 60 anos, cheia de entregas e generosos esforços. Façamos acontecer agora um bonito presente para continuarmos sonhando com um futuro prometedor. Calasanz nos guia.
- A história? Um livro que devemos ler entre linhas e com olhar crítico, para compreender, aprender e não cometer os mesmos erros.
- 60 anos de vida institucional, mas quantos anos de vidas pessoais doados, oferecidos, compartilhados, construídos...?
- A pessoa é muito mais que um cérebro em um corpo. Devemos educar a pessoa toda, sua intelectualidade, afetividade, sexualidade, corporalidade, emotividade, criticidade, transcendência, sociabilidade, familiaridade...
- Educar para se encaixar no sistema? Isso não é educar, mas moldar! Não é isso que queremos! Não é para isso que trabalhamos!
- Educar para obter um bom resultado no ranking de escolas? E quais os critérios para estabelecer essa escala? Imagino que não entram itens como: honestidade, autenticidade, consciência ética, solidariedade...
- Educar focado no resultado do vestibular, Enem ou até da faculdade é como dirigir um carro de noite com um farol que ilumina somente um metro pela frente, antes ou depois acabaremos caindo em algum barranco ou batendo de frente com algum obstáculo.
- Basear a imagem pública do colégio nos resultados de vestibulares ou Enem é como vender um carro pela cor tão bonita com que foi pintado, esquecendo que a vida do carro está dentro, no seu motor.
- Fazer propaganda com os nomes de alunos “exitosos” nos vestibulares é fácil, mas quem garante que esses alunos sejam pessoas educadas, bem formadas, humanas no trato com os demais, dignas de levar o nome do colégio com elas?
- Educamos para que cada criança, adolescente ou jovem possa descobrir seu “tesouro”, suas melhores capacidades e talentos, colocando-o a serviço do que mais gosta e melhor sabe fazer, construindo uma vida feliz e contribuindo com a felicidade de todos/as.
- Educar é favorecer a autenticidade, que cada pessoa chegue a ser o melhor de si própria, que seja o original, que desenvolva aquilo que faz dela um ser único e irrepetível.
- Educar com um único padrão é desconsiderar a complexidade e diversidade do mundo em que vivemos e a particularidade de cada pessoa.
- Como é importante a avaliação! Mas avaliação de que? Das competências para superar as diferentes provas acadêmicas? Isso não é educar, mas treinar! Avaliemos as competências para a construção, com responsabilidade, da vida própria e de uma sociedade melhor!
- Educar é libertar! Libertar de: preconceitos, medos, tabus, dogmas, violência, visões reduzidas e mesquinhas do mundo e da vida, egocentrismo, imediatismo sem futuro, concorrência desumana...
- Um colégio deve ser um laboratório, reproduzindo em miniatura o mundo que sonhamos e para o qual educamos. Estamos conseguindo?
- Temos claros nossos valores institucionais: paz, justiça, solidariedade, respeito pelo diferente... Funcionários/as e famílias, falemos a mesma linguagem!
- Qualidade ou excelência na educação? Totalmente necessárias! Mas, desde quais critérios? Para concorrer com essas escolas que somente se orientam pelas tendências de mercado, procurando lucro, fama e prestígio? Não, obrigado.
- Qualidade e excelência têm que caminhar juntas com fidelidade e criatividade. Fidelidade à nossa identidade escolápia (carisma e missão). Criatividade para responder aos desafios atuais, oferecendo o que é próprio e exclusivo de um colégio escolápio. Qualidade e excelência para sermos mais fieis e mais criativos na nossa missão hoje, isso sim!
- E qual é a nossa missão hoje? A mesma de sempre, a que Calasanz intuiu e por ela entregou a vida. Evangelizar (oferecer a proposta de Jesus) educando (formando a pessoa em todas suas dimensões) crianças e jovens, preferencialmente pobres (os que mais precisam, os que sofrem as consequências da injustiça e do egoísmo pessoal e social) para transformar a sociedade (pessoas novas comprometidas na construção de uma sociedade nova, sem excluídos).
- Os sonhos viram ilusão quando não se transformam em projetos, desembocando em ações que acabem atingindo a realidade.
- Queremos ser e viver do jeito que Jesus propõe e é desde esse modelo que queremos educar. Isso não se negocia. E ser assim significa olhar o mundo desde as necessidades e os direitos dos últimos, não desde a soberba dos primeiros ou desde a inveja dos que estão no meio. Viver como Jesus significa compreender a vida desde o serviço gratuito ao outro, não desde a concorrência com o outro e, muito menos, desde a exploração do outro.
Poderíamos continuar acrescentando elementos para definir o que somos, o que sonhamos, o que acreditamos e pelo que nos esforçamos cada dia. Acho que nem precisamos explicar esses pontos, precisamos vive-los, isso sim. Temos uma história de 60 anos, cheia de entregas e generosos esforços. Façamos acontecer agora um bonito presente para continuarmos sonhando com um futuro prometedor. Calasanz nos guia.
17 de outubro de 2011
Me perdoem
se com palavras ou silêncios
com olhares e gestos
abri sem querer feridas
e incendiei campinas
Me perdoem
pela inconsciência manifesta
por teimar no mapa
e esquecer da mágoa
Me perdoem
por empurrar a história
endurecendo a cara
Me perdoem
por sonhar
cantar
lutar
Me perdoem
por olhar tanto o céu
e esquecer da lama
que nos forma
e sustenta
Me perdoem
por insistir
exigir
existir
10 de outubro de 2011
Asas
Paul Klee |
e a terra treme sob meus passos
quando o horizonte se embaça
e as lágrimas me afogam
clamo ao céu e grito no vazio implorando
umas mãos que me ergam e abracem
umas palavras que me façam vibrar
um olhar que me devolva o sentido
procuro nas alturas eternas
uma resposta e um caminho
sem querer aceitar que fora de mim
somente acharei reflexos
do que no meu interior fui tecendo
não são alheias as forças
nem as luzes nem o ímpeto
não são dos outros os ventos
que me farão navegar pela vida
ninguém poderá me ceder um dia
as asas que me levantem
me devolvendo a leveza
a audácia e destreza
para enfrentar os céus com rebeldia
abrindo as nuvens e empurrando as trevas
não acharei fora as asas
que me retornem aos ventos
e me libertem do medo
somente com tesão e coragem
poderão nascer as asas
que me joguem à vida
asas forjadas com dor
alimentadas com sonhos
e revestidas de amor
as asas que me façam viajar
por entre estrelas e rostos
sobre corações e nomes
recolhendo nas mãos
histórias e acordes
abraços e risos
que me resgatem do tédio
e revigorem a entrega
3 de outubro de 2011
A gente pequena
não destacam nem aparecem
ninguém conhece seus nomes
nem contam suas histórias
passam despercebidos
como anônimas sombras
mas estão aí
no solo do mundo
nos lodos férteis
e nos árduos sertões
é a gente pequena
a humanidade miúda
que pulula no escondido
agitando ao vento suas dores
povos silenciados
milhões de omitidos
pequenos relatos de vidas duras
que jamais o mundo lembrará
porque não têm ouro que brilhe
não fazem barulho com bombas
nem semeiam fofocas de famosos
é a gente sem nome e sem futuro
que sofre sem culpa o presente
e carrega com dor o passado
é o povo emudecido e condenado
memória eterna da nossa omissão
silêncio ensurdecedor
que arrepia as consciências
e acorda nossa embrutecida sensibilidade
ninguém conhece seus nomes
nem contam suas histórias
passam despercebidos
como anônimas sombras
mas estão aí
no solo do mundo
nos lodos férteis
e nos árduos sertões
é a gente pequena
a humanidade miúda
que pulula no escondido
agitando ao vento suas dores
povos silenciados
milhões de omitidos
pequenos relatos de vidas duras
que jamais o mundo lembrará
porque não têm ouro que brilhe
não fazem barulho com bombas
nem semeiam fofocas de famosos
é a gente sem nome e sem futuro
que sofre sem culpa o presente
e carrega com dor o passado
é o povo emudecido e condenado
memória eterna da nossa omissão
silêncio ensurdecedor
que arrepia as consciências
e acorda nossa embrutecida sensibilidade
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