21 de outubro de 2011

Nem precisamos explicar

Parece que a leitura, principalmente de textos compridos e densos, cada vez custa mais e gosta menos nos tempos que vivemos. Por esse motivo e apesar da minha tendência natural a construir elaborados parágrafos e textos, decidi escrever hoje de forma diferente.
No contexto da comemoração dos 60 anos do Colégio São Miguel Arcanjo, quero compartilhar em forma de frases curtas, sentenças, ditados ou aquilo que for saindo do coração, o que para nós, escolápios, significa comemorar 60 anos de caminhada, e o desafio de construir um futuro bonito, desde a criatividade e a fidelidade às nossas fontes (Jesus de Nazaré e São José de Calasanz). (Continuar lendo...)

- A história? Um livro que devemos ler entre linhas e com olhar crítico, para compreender, aprender e não cometer os mesmos erros.

- 60 anos de vida institucional, mas quantos anos de vidas pessoais doados, oferecidos, compartilhados, construídos...?

- A pessoa é muito mais que um cérebro em um corpo. Devemos educar a pessoa toda, sua intelectualidade, afetividade, sexualidade, corporalidade, emotividade, criticidade, transcendência, sociabilidade, familiaridade...

- Educar para se encaixar no sistema? Isso não é educar, mas moldar! Não é isso que queremos! Não é para isso que trabalhamos!

- Educar para obter um bom resultado no ranking de escolas? E quais os critérios para estabelecer essa escala? Imagino que não entram itens como: honestidade, autenticidade, consciência ética, solidariedade...

- Educar focado no resultado do vestibular, Enem ou até da faculdade é como dirigir um carro de noite com um farol que ilumina somente um metro pela frente, antes ou depois acabaremos caindo em algum barranco ou batendo de frente com algum obstáculo.

- Basear a imagem pública do colégio nos resultados de vestibulares ou Enem é como vender um carro pela cor tão bonita com que foi pintado, esquecendo que a vida do carro está dentro, no seu motor.

- Fazer propaganda com os nomes de alunos “exitosos” nos vestibulares é fácil, mas quem garante que esses alunos sejam pessoas educadas, bem formadas, humanas no trato com os demais, dignas de levar o nome do colégio com elas?

- Educamos para que cada criança, adolescente ou jovem possa descobrir seu “tesouro”, suas melhores capacidades e talentos, colocando-o a serviço do que mais gosta e melhor sabe fazer, construindo uma vida feliz e contribuindo com a felicidade de todos/as.

- Educar é favorecer a autenticidade, que cada pessoa chegue a ser o melhor de si própria, que seja o original, que desenvolva aquilo que faz dela um ser único e irrepetível.

- Educar com um único padrão é desconsiderar a complexidade e diversidade do mundo em que vivemos e a particularidade de cada pessoa.

- Como é importante a avaliação! Mas avaliação de que? Das competências para superar as diferentes provas acadêmicas? Isso não é educar, mas treinar! Avaliemos as competências para a construção, com responsabilidade, da vida própria e de uma sociedade melhor!

- Educar é libertar! Libertar de: preconceitos, medos, tabus, dogmas, violência, visões reduzidas e mesquinhas do mundo e da vida, egocentrismo, imediatismo sem futuro, concorrência desumana...

- Um colégio deve ser um laboratório, reproduzindo em miniatura o mundo que sonhamos e para o qual educamos. Estamos conseguindo?

- Temos claros nossos valores institucionais: paz, justiça, solidariedade, respeito pelo diferente... Funcionários/as e famílias, falemos a mesma linguagem!

- Qualidade ou excelência na educação? Totalmente necessárias! Mas, desde quais critérios? Para concorrer com essas escolas que somente se orientam pelas tendências de mercado, procurando lucro, fama e prestígio? Não, obrigado.

- Qualidade e excelência têm que caminhar juntas com fidelidade e criatividade. Fidelidade à nossa identidade escolápia (carisma e missão). Criatividade para responder aos desafios atuais, oferecendo o que é próprio e exclusivo de um colégio escolápio. Qualidade e excelência para sermos mais fieis e mais criativos na nossa missão hoje, isso sim!

- E qual é a nossa missão hoje? A mesma de sempre, a que Calasanz intuiu e por ela entregou a vida. Evangelizar (oferecer a proposta de Jesus) educando (formando a pessoa em todas suas dimensões) crianças e jovens, preferencialmente pobres (os que mais precisam, os que sofrem as consequências da injustiça e do egoísmo pessoal e social) para transformar a sociedade (pessoas novas comprometidas na construção de uma sociedade nova, sem excluídos).

- Os sonhos viram ilusão quando não se transformam em projetos, desembocando em ações que acabem atingindo a realidade.

- Queremos ser e viver do jeito que Jesus propõe e é desde esse modelo que queremos educar. Isso não se negocia. E ser assim significa olhar o mundo desde as necessidades e os direitos dos últimos, não desde a soberba dos primeiros ou desde a inveja dos que estão no meio. Viver como Jesus significa compreender a vida desde o serviço gratuito ao outro, não desde a concorrência com o outro e, muito menos, desde a exploração do outro.

Poderíamos continuar acrescentando elementos para definir o que somos, o que sonhamos, o que acreditamos e pelo que nos esforçamos cada dia. Acho que nem precisamos explicar esses pontos, precisamos vive-los, isso sim. Temos uma história de 60 anos, cheia de entregas e generosos esforços. Façamos acontecer agora um bonito presente para continuarmos sonhando com um futuro prometedor. Calasanz nos guia.

Um comentário:

  1. Belíssimas palavras! Educar é libertar a mente para o mundo interior, anterior, fundamentalmente necessário nos dias de hoje...

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