10 de outubro de 2011

Asas

Paul Klee
quando o fogo se aviva ao meu redor
e a terra treme sob meus passos
quando o horizonte se embaça
e as lágrimas me afogam
clamo ao céu e grito no vazio implorando
umas mãos que me ergam e abracem
umas palavras que me façam vibrar
um olhar que me devolva o sentido
procuro nas alturas eternas
uma resposta e um caminho
sem querer aceitar que fora de mim
somente acharei reflexos
do que no meu interior fui tecendo
não são alheias as forças
nem as luzes nem o ímpeto
não são dos outros os ventos
que me farão navegar pela vida
ninguém poderá me ceder um dia
as asas que me levantem
me devolvendo a leveza
a audácia e destreza
para enfrentar os céus com rebeldia
abrindo as nuvens e empurrando as trevas
não acharei fora as asas
que me retornem aos ventos
e me libertem do medo
somente com tesão e coragem
poderão nascer as asas
que me joguem à vida
asas forjadas com dor
alimentadas com sonhos
e revestidas de amor
as asas que me façam viajar
por entre estrelas e rostos
sobre corações e nomes
recolhendo nas mãos
histórias e acordes
abraços e risos
que me resgatem do tédio
e revigorem a entrega

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