8 de outubro de 2012

As vozes do porão


Desde a negritude deste mundo
Desde a feminidade da dor
Nos porões desta desumanidade
Escuto impotente e revoltado
Os sons que alimentam este inferno:
É a indiferença que fere
A gargalhada que vexa
O ouro que explora
A palavra que violenta
O olhar que humilha
A mão que tortura

É o menino soldado no Sudão
O mineiro escravo no Congo
A menina vendida na Indonésia
O camponês explorado no Brasil
A trabalhadora extenuada no Paquistão
O ilegal perseguido na Europa

As senzalas deste mundo
Continuam abertas e sangrantes
Tatuando os corpos de milhões
Com os sinais da violência
E do desprezo
Semeando a indignidade
Coletando a morte

Desde a negritude e a feminidade
Deste sistema cruel
Eleva-se um grito de insurreição
Um clamor que penetra no coração
De quem ainda sente a humanidade
Na própria pele

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